Falando de leitura sobre o Orgulho

A Abelha que Queria ser Rainha

Roberto Belli

Um conto sobre Orgulho

Este livro faz parte da coleção Sentimentos. Enquanto se distrai lendo as simpáticas histórias, a criança acompanha as situações e peripécias vivenciadas pelos protagonistas, a percepção é despertada para uma análise comparativa do comportamento de cada personagem, fazendo-a chegar à conclusão que as virtudes e os valores éticos aproximam as criaturas, enquanto os sentimentos menos dignos as distanciam, e podem acarretar desacertos, dificuldades, conflitos. Neste volume vamos conhecer uma abelhinha orgulhosa e inconformada com sua condição de simples operária, que resolve procurar uma forma de se transformar em abelha-rainha.

Coisas de Professores

Coisas que só ocorrem em Ouro Preto: os professores

Eis mais um caso desses que só ocorre em Ouro Preto e que ouvi na última vez que por lá estive:

Nos anos setenta, alguns professores da universidade estavam em casa bebendo umas e outras, quando sentem tremer o chão, as paredes e as janelas. Ouviram estrondos vindos da rua. Correm todos para a janela para ver o que se passava. E um elefante surge subindo a rua, onde mal cabe um fusca.

O primeiro professor pensar em dizer algo, mas decide não fazer isso.

“Fiquei louco, se falar que vi um elefante, vão descobrir. Melhor ficar quieto.”

E assim senta-se de volta na mesa e continua bebendo como se nada houvesse ocorrido. Pois todos os professores presentes fazem o mesmo, temendo revelar para os amigos que estavam loucos. Não tocaram no assunto por dias, até que um jornal local publicou o anúncio de um dono de circo que estava por perto, procurando um elefante que havia fugido.

Assim, descobriram que loucos não eram eles, mas a realidade.

Conto Africano

 

Guarde os seus segredos

  Certa moça foi dada em casamento a um rapaz. A isso se recusou a casar, e disse que ela mesma escolheria o marido. Pouco depois chegou à aldeia um excelente rapaz, de grande força e beleza. A jovem se apaixonou por ele à primeira vista e disse aos pais que encontrara o homem com quem queria se casar. E como a este não desagradou a idéia do casamento, logo se casaram.

Aconteceu então que o jovem não era homem coisa nenhuma, e sim uma hiena, pois, embora normalmente as mulheres se transformem em hienas e os homens em falcões, a hiena pode se transformar, a seu bel-prazer, em homem ou em mulher.

Durante a primeira noite, quando os dois estavam deitados na cama, o marido disse: "Suponhamos que, quando fôssemos à minha cidade, brigássemos no caminho. O que você faria?". A mulher respondeu que se transformaria numa árvore. O homem lhe disse que ainda assim conseguiria pegá-la.

Ela disse que nesse caso se transformaria numa poça d’ água. “Oh!Isso não me atrapalharia em nada", o homem-hiena disse. "Eu pegaria você do mesmo jeito."

"Ora, então eu me transformaria numa pedra", a esposa respondeu. “Ainda assim eu pegaria você", o homem disse.

Bem naquela hora a mãe da jovem, que tinha ouvido a conversa, gritou lá do seu quarto: “Não diga nada, minha filha. Quer dizer então que uma mulher conta os seus segredos a um homem?". Então a jovem não falou mais nada.

Na manhã seguinte, ao amanhecer, o marido disse à mulher que se levantasse, pois ele ia voltar para sua casa. Ele mandou que ela se preparasse para acompanhá-lo até certa altura do caminho, para vê-lo partir. Ela fez conforme ele ordenara, e, tão logo o casal estava fora das vistas da aldeia, o marido se transformou numa hiena e tento pegar a jovem, que se transformou numa árvore, depois numa poça d’água, depois numa pedra, mas a hiena quase quebrou a árvore, por pouco não bebeu a água e estava prestes a engolir a pedra.

Então a jovem se transformou naquela coisa que a sua mãe a impedira de revelar na noite anterior. A hiena olhou e olhou por toda parte e finalmente, temendo que os aldeões chegassem para matá-la, foi embora.

Imediatamente a jovem voltou à sua forma normal e correu de volta para a aldeia.

Conto africano. Fonte: CARTER, Angela. 103 Contos de Fadas. Tra: Luciano Vieira Machado. São Paulo: Cia.das Letras, 2007. 499 ps. Título original: The Virago book of fairy tales e The second Virago book of fairy tales.

Pensamento

TORNEIO – Pensamento

Demétrio Sena

Entre os bravos e brabos, no entrelaço dos passos que se cruzam nas ruas vou alheio e patético. Meio cético às coisas pelas quais passo. Sou a sombra na sombra do sem brilho que trago. Talvez menos real do que as figuras que passam, traçando afoitas a linha do sem destino. Caço moitas no rumo, para ver se prossigo, e se consigo sossego. Se vou apenas comigo, por me bastar e me desgastar o suficiente. Só assim saberei quem sou, mesmo sabendo que o que sou me arrasta sem saber de si. Pelo menos não tenho a ilusão das pessoas em volta, nesse torneio de ser e estar que se estabeleceu entre os homens.

hakai

 

Haikai – Abelha

 Abelha beija a flor…
Pólen ao seu redor.
Fragmento do amor!

HENFIL

Graúna Ataca Outra Vez
Autor: Henfil – Humor
Formato 16 X 23 cms, 148 págs.
ISBN: 858602811-8
Cód. barra: 9788586028113
Descrição:
CONHEÇA OS OUTROS LIVROS DE HENFIL: UBALDO, O PARANÓICO- A VOLTA DO FRADIM- A VOLTA DA GRAÚNA- HIROSHIMA, MEU HUMOR – As aventuras engraçadíssimas de um trio impagável: a Graúna, o bode Francisco Orellana e o cangaceiro Zeferino, num Nordeste em que o sol inclemente e o coronelismo tentam impedir a vida e a felicidade. Histórias já clássicas, que sobreviveram aos fatos que as geraram, quando foram publicadas nas páginas de quadrinhos do Jornal do Brasil, do Pasquim e, já nos últimos anos de Henfil, no Caderno 2 de O Estado de S. Paulo. A publicação em livro, com nova diagramação autorizada por Ivan de Souza, filho do humorista, contribui para eternizar a obra de Henfil.

TV Qual limite deste eletroeletrônico?

QUAL É O LIMITE PRA TELEVISÃO?

Por Camila Porto de Camargo
Quinta-Feira, 22 de Outubro de 2009

 
Os televisores deixarão de ter lugar cativo na sala para começar a aparecer em vários lugares. Da cozinha ao banheiro a TV vai ser ainda mais da família.
 

Ninguém duvida que a televisão seja o eletroeletrônico mais querido pelos brasileiros já que, segundo o Ibope, em 2008, era possível encontrar uma TV em 93% dos domicílios do país. Isso comprova que a televisão, uma senhora de quase 70 anos, ainda está com tudo em cima e é preferência nacional. Um dos maiores escritores brasileiros, Nelson Rodrigues, já dizia que “a televisão matou a janela”, mas mal sabia ele que em breve ela irá substituir muito mais coisas.

O desenvolvimento de telas dobráveis e extremamente finas, como as AMOLED, ou as feitas de E-ink ou papel eletrônico, vão contribuir para que monitores e televisores se espalhem por vários cômodos das nossas casas. Da cozinha até o banheiro, assistir vai ser ainda mais comum.

A televisão vai invadir todos os lugares da casa!

Empresas iLTDATela que dobra

Várias empresas não estão medindo esforços para apresentar a cada dia monitores ou telas mais finas, leves e impressionantes. Prova disso foi a apresentação de muitas novidades no evento CES 2008 no ramo das telas flexíveis e incrivelmente finas. Sony, Samsung, LG, Philips, HP, Fujitisu e várias empresas menores estão investindo pesado nesta área e oferecendo muitas novidades como o computador de tecido.

Espelho duas caras

Fugindo dos protótipos, algumas empresas já investem e fornecem telas e, essencialmente, televisores acoplados aos mais diversos objetos. É o caso da empresa australiana Mirror Image, que vende televisores conjugados com o espelho do banheiro, quadros que na verdade são uma TV e até em espelho de maquiagem com uma tela LCD.

WC + TV

Que tal pentear o cabelo pela manhã na companhia da Ana Maria Braga? O modelo Bathroom Mirror TV da Mirror Image permite que você tenha um espelho em frente a pia, mas com apenas um clique, um monitor de LCD de 13’’com entrada HDMI e tudo pode ser usado para assistir as notícias do dia no seu canal favorito.

Ducha com o controle remoto

TV para decoração

Outro produto já disponível no mercado é o New Living Line – também da Mirror Image. A primeira vista ele parece um quadro ou um espelho comum, contudo depois de ligado ele se transforma em uma TV de até 46’’ de alta definição com receptor digital e muito estilo.

Não era um quadro?

Eletromésticos híbridos

Você já deve ter visto eletrodomésticos 2 em 1 como as lavadoras que lavam e secam, por exemplo. Pois é, agora os amantes da cozinha já podem contar com um televisor na geladeira. Duas grandes marcas já têm seus modelos híbridos, no caso, a LG e a Bosch. O modelo da Bosh, o Image Inox JGU40, conta com uma tela LCD de 15’’ e entrada para DVD e antena para computador.

O modelo da LG é quase uma central multimídia, isso porque, além de oferecer um display HDTV com 15’’, é possível conectar um aparelho de DVD, ver álbuns de fotografia, livros de receitas, calendário, temperatura ambiente e, de quebra, um sintonizador FM para animar suas refeições.

Bosh conectadaA LG é quase uma central multimídia

Telas em vários lugares
Além da sua casa, os monitores estão invadindo lugares antes inimaginados, como no caso das páginas de revistas. Sim, uma pequena tela que rodava a propaganda de uma marca de refrigerantes foi inserida em uma revista norte-americana. Isso prova que em breve poderemos comprar um exemplar da National Geographic, por exemplo, e assistir nas páginas da revista um episódio de um documentário sobre a vida dos animais selvagens.

Qual é o limite?

Parece que um mundo de telas e imagens dinâmicas é o nosso futuro, já que todos os dias novidades mais impressionantes surgem em todos os cantos do planeta. Contudo, fica a pergunta: até que ponto ter televisores espalhados pela casa é positivo? Será que já não passamos tempo demais em frente à TV?

Debate: O ser Humano poderá ser imortal?

Debate: O ser humano poderá ser imortal?

Por Marluce Alessandra Peron Garcia
Segunda-Feira, 26 de Outubro de 2009

Para muitos, a imortalidade é assunto de ficção científica. Mal sabem eles que a evolução da tecnologia está tornando o sonho da vida eterna mais próxima da realidade.

A vida consiste em três etapas fundamentais: nascimento, vivência (desenvolvimento e reprodução para a preservação da espécie) e morte. O humano é o único dos seres vivos que sempre questionou sua própria existência e, consequentemente, a morte.

Pode-se dizer que a imortalidade é um conceito ambíguo, uma vez que muitas pessoas consideram que se atinge a imortalidade ao ser perpetuado na História, por exemplo como responsável por grandes feitos políticos, sociais, artísticos, entre outros. Já em outro entendimento acerca do mesmo conceito, trata-se de vencer a morte literalmente, ou seja, existir fisicamente pela eternidade e não apenas em memória.

Sabemos que a morte sempre foi um tabu para a humanidade e diferentes culturas concebem este fenômeno da vida de maneiras bem características.

A  questão fascina o homem desde o Egito Antigo. Os egípcios acreditavam que era necessário conservar o corpo do defunto para dar suporte à alma durante sua jornada rumo à vida eterna. Tanto é verdade que o corpo dos faraós era submetido a diversos rituais religiosos — que visavam a conceder sorte e proteção ao faraó — e procedimentos médicos para retardar o processo de decomposição do corpo.

Essas técnicas são, na atualidade, consideradas rudimentares, mas que contribuíram para a evolução da Medicina e da Anatomia, áreas em constante aprimoramento que dentro dos seus principais objetivos está a preservação da vida, pelo maior tempo possível.

Junto às ciências médicas e com a mesma finalidade de postergação da morte, estão as diversas áreas tecnológicas, como, por exemplo, a nanotecnologia e a robótica.

Humanos eletrônicos

O marca-passo é um aparelho eletrônico que possui o objetivo de regular os batimentos cardíacos através de impulsos elétricos. Sabemos que o dispositivo ajuda a salvar inúmeras vidas de pessoas com problemas cardíacos. Imagine se a mesma lógica do marca-passo, ou seja, utilizar estímulos elétricos para auxiliar no funcionamento de determinado órgão, fosse adaptada para outros órgãos?

No campo da robótica, o desenvolvimento de membros mecânicos — as chamadas próteses — para pessoas que tiveram algum membro amputado já não é mais uma novidade, assim como a utilização de robôs-cirurgiões com precisão milimétrica em microcirurgias. Entretanto, se pararmos para analisar, os robôs mais recentes não são criados exclusivamente para auxiliar nas atividades humanas, mas também são programados com a finalidade de imitar a própria vida humana.

Entre os dias 21 e 25 de outubro ocorreu, em Curitiba, a maior feira de tecnologia da América do Sul, a Robotec Fair 2009. A feira de robótica reuniu curiosos e amantes de tecnologia interessados em conhecer os projetos de diversas instituições de ensino e empresas. Sem dúvida alguma a atração eleita como a mais interessante pelos visitantes foi a Actroid, da Kokoro, empresa do grupo Sanrio.

A robô, réplica de uma mulher japonesa, é considerada a representação mais próxima do ser humano até hoje. Além das características físicas, a Actroid é capaz de reproduzir de maneira convincente movimentos e expressões típicas do homem enquanto responde ao público uma das 600 frases já programadas, mesmo que sejam um tanto limitados e não naturais.

O que se pretende com isso? Imortalizar a raça humana? Se sim, seria o robô um exemplar da raça humana? Se levarmos em consideração as pesquisas quanto à possibilidade de transformar toda a informação contida no nosso cérebro (sejam habilidades, lembranças, gostos ou sentimentos) em dados que possam ser lidos por máquinas, estas poderão até ser consideradas como os meios de as pessoas alcançarem a imortalidade. Isso se você acreditar que o ser humano é somente a sua racionalidade, o que pode ser contestado por diversas religiões, que consideram a alma como a verdadeira essência do homem.

Produção de órgãos sintéticos

Não é necessário discorrer sobre como a tecnologia evoluiu a favor da medicina ao longo das décadas e como isso contribuiu para a qualidade de vida das pessoas. Hoje em dia, vacinas e remédios são tratamentos extremamente comuns no combate de doenças, mas que levaram anos para serem descobertos. Agora imagine o quanto tempo demorou para aprimorarem-se as transfusões de sangue e transplantações de órgãos.

A primeira cirurgia de transplante foi registrada em 1954, na cidade de Boston, Estados Unidos, quando o médico Joseph E. Murray fez o implante de rim entre dois gêmeos idênticos. No Brasil, o primeiro transplante foi realizado em 1964, no Rio de Janeiro. Apesar dos dez anos de distância entre essas datas, o Brasil ocupa a segunda posição no ranking de países com maior número de transplantes por ano, ficando atrás da terra do Tio Sam.

O auxílio prestado pelo SUS (Sistema Único de Saúde) quanto aos custos da operação contribui para o aumento de transplantações. Isso porque o Sistema é responsável pelo financiamento de 86% das cirurgias do gênero, ou seja, doador e receptor não precisam pagar pelos custos médicos. O número deve aumentar com as novas regras do Sistema Nacional de Transplantes, que passará a financiar também os transplantes de pele.

Mesmo com os investimentos na área, são mais de 60 mil pessoas esperando na fila por um transplante. O risco de rejeição é alto porque o sistema imunológico é capaz de distinguir, através de proteínas, sangue e tecidos do organismo dos corpos estranhos que possam vir a causar malefícios. O sistema produz anticorpos para combater o novo órgão caso o identifique como nocivo.

Entretanto, uma tecnologia que pode ser considerada uma grande esperança para os transplantes e, consequentemente, para a obtenção da vida eterna é a produção de órgãos sintéticos dentro de laboratórios. Isso já é uma realidade considerando que é possível atualmente produzir, por exemplo, um pâncreas humano para a produção de insulina

A partir do momento que essa tecnologia evoluir ao ponto de que seja possível reproduzir qualquer órgão do corpo humano dessa mesma maneira, estaria aí configurada uma grande esperança para os que desejam a imortalidade. A vantagem desse procedimento é que os órgãos produzidos são capazes de conter a mesma carga genética do destinatário e superarem problemas de rejeição e outras dificuldades que os receptores enfrentam na fila de espera por um doador.

Mas será que conseguiríamos reproduzir todo e qualquer órgão independentemente? A princípio, a clonagem humana seria uma alternativa válida para esse problema, já que indivíduos "produzidos" por inteiro são completamente viáveis e possuiriam todos os órgãos que o seu "original" viesse a precisar. Mas ao mesmo tempo, seria ético e correto produzir clones humanos somente para esses fins? É justo sacrificar uma vida para salvar outra? Ou o clone não é precisamente uma vida humana independente?

Esse tema inclusive é abordado no filme A Ilha (2005). O que aparenta ser uma sociedade utópica, com habitantes programados para não pensar por si próprios, revela-se uma indústria de clones de milionários do mundo real. E o passeio na paradisíaca ilha era, na verdade, uma viagem de ida para a mesa cirúrgica, onde médicos realizavam o transplante do órgão que o dono do clone estava precisando.

Sorvete humano

Outra tecnologia presente em filmes, desde ficção científica até comédia, e que a realidade está trabalhando para tornar possível é o congelamento humano. O objetivo é preservar o corpo para que algum dia seja revivido, mas não se pode confirmar nada porque as pesquisas sobre o assunto estão em fase de aprimoramento por ainda não ter sido efetiva, já que nenhuma cobaia sobreviveu após o termino do procedimento.

Explica-se o congelamento uma vez que baixas temperaturas desaceleram as moléculas e diminuem consideravelmente a atividade celular. Se um dia a técnica alcançar o estágio final e concretizar o sonho da imortalidade, ao ponto de que um indivíduo possa ter seu corpo preservado durante anos e sobreviva ao descongelamento, pacientes de doenças consideradas incuráveis atualmente, como a AIDS, poderiam “hibernar” por longos anos até que uma cura fosse descoberta.

Se você pensa que o congelamento é uma novidade, está enganado. Na década 70, quase três mil cidadãos estadunidenses pagaram US$ 50 mil (na época) para congelar seus corpos após a morte, com a esperança de que pudessem voltar à vida no futuro. No entanto, por mais que estivessem protegidos dos agentes decompositores, eles não esperavam que outro fator pudesse prejudicar a conservação do corpo: alguns dos sujeitos congelados começaram a se despedaçar como pedras de gelo.

Humanos artificiais e imortalidade são possíveis?

Para finalizar

Vimos que a busca da imortalidade impõe diversas dificuldades e possui inúmeras limitações no estágio de evolução tecnológica em que se encontra o homem nos dias atuais. Porém, ao mesmo tempo, podemos observar o surgimento de novas pesquisas que prometem revolucionar este campo.

Avançando para uma discussão delicada, é pertinente também nos questionarmos se a vida já não é eterna, visto que, segundo o entendimento dominante das mais variadas religiões espalhadas por todo o mundo, a vida física é apenas uma passagem.

Ainda que você, usuário, seja cético e não acredite nestas coisas, a eternidade humana traz questionamentos de cunho social, ético e moral. A questão vai muito além de apenas dizer respeito a uma mera possibilidade de que a vida possa ser eterna, mas também deve ser entendida em todos os aspectos que procuramos questionar ao longo do artigo e qual a real consequência que isso trará para a raça humana.

Agora é a vez de você comentar com a sua opinião sobre o assunto! A vida abre margens para que possa ser prolongada? Será que é possível o homem atingir o segredo da vida eterna? Você acredita que a sociedade do futuro será composta por humanos e robôs e que ambos possam viver harmoniosamente?

Não acredito. Deus dá a vida e ele tira. Por que é  o ser supremo dono da vida.

DOCUMENTÁRIO “Suzana Altero”

DOCUMENTÁRIO

http://www.ufscar.br/rua

Captar a Verdade… A tentativa de captação da realidade ou, como dito, da Verdade é uma constante no gênero documentário – ou sua essência ? – mesmo antes do mesmo ser cunhado assim. É por isso, por essa sua ânsia de Mundo que o documentário em muito se liga à idéia de educar, de esclarecer, e anda, muitas vezes, junto à política – presente tanto nas temáticas quanto, às vezes, nas formas acolhidas pelo filme documentário. É por essa ânsia de verdade também que muito se discutiu pela história cinematográfica se de fato existe o gênero documentário já que a possibilidade de retrato fiel da realidade é extremamente discutível, ou mesmo impossível … A discussão sobre o que seria a ficção e o documentário, os seus encontros e os seus desencontros é sempre um tanto acinzentada assim como os limites desses gêneros – ” Todo documentário é uma ficção e toda ficção é um documentário!”.  E o leigo parece saber distinguir tão bem…

Na evolução do gênero tivemos grandes autores que penderam (quase que) apenas para preocupação na captação de uma realidade e também, grandes autores que se preocupavam em ser agentes da sociedade exatamente por estarem exprimindo – ou tentando – tais “verdades” ou tal realidade. Todos, essencialmente, perseguiram uma decifração do mundo… A captação dele acaba por ser a ilusão reconstruída e desconstruída na história do documentário… Nos dias de hoje, essa vontade de Verdade já é acompanhada pelo esclarecimento que o documentário vem sempre acompanhado da ficção e pela  noção de que não existe a expressão de algo assim como é, simplesmente. E, é por isso, que hoje muitos documentários discutem exatamente o próprio gênero.

Robert Flaherty foi um dos grandes realizadores que se encaixam na primeira categoria preocupando-se em essencial com a expressão da realidade sem colocar-se como um agente social e sem problematizar a noção de documentário. O cineasta foi responsável por uma revolução no documentário que até então, resumia-se basicamente nas atualidades, nas cenas do dia-a-dia, nas paisagens, no registro de acontecimentos pontuais e nos travellogs. Ele realiza seu filme Nanook of the North em 1922, sobre uma comunidade de esquimós canadenses e, em especial, sobre a família de um Inuk do Ártico.

Importante aqui apontar que mesmo que o cineasta não coloque a questão do gênero – ficção versus documentário – ela entra em pauta de qualquer maneira. Isto ocorre porque Flaherty aglutina características próprias da narrativa ficcional, ou seja, o filme tem uma perspectiva dramática – com o trabalho da tensão, do suspense, etc… Pode-se dizer que os elementos dramáticos são extraídos do próprio ambiente: isto é, a caça, por exemplo, virara uma dinâmica social capaz de produzir uma tensão tal como numa ficção – não era, pois, apenas o relato, já era uma construção… Assim a busca pela essência através do verdadeiro meio ambiente (”locação”) e dos atores que encenam a si mesmos entrelaça-se com o universo ficcional por meio de seus mecanismos básicos de construção e elaboração.

O que sem dúvida nenhuma impõe também tal ligação é saber que Flaherty não apenas relatou ou captou dinâmicas que realmente aconteceram, mas também as encenou – a caça tal como foi mostrada no filme não era mais realizada pela comunidade, no entanto, o diretor acreditava que aquilo, de certo modo, contribuía para mostrar a essência desse povo, ou dessa cultura… Novamente, o limite de documentário e de ficção torna-se mais acinzentado já no inicio do gênero…

Juntamente à perspectiva dramática, à locação, aos atores sociais, às dinâmicas sociais, o cineasta trouxe um meio que hoje é marca do documentário, a pesquisa participativa, que consiste na convivência do cineasta com o universo que pretende retratar – um meio que trabalha para o realizador diminuir sua visão “estrangeira” em relação ao universo do objeto de filmagem, portanto, trabalha para diminuir o que seria uma visão “falsa”. Além disso, o cineasta aí já inicia sua “montagem” por escolha do que será captado ou não, portanto a “comunidade tal como ela é”, na verdade, não é simplesmente por não ter todas as suas atividades inteiramente mostradas…O que se vê é de escolha do realizador, é o que ele diz ser importante, é o que ele diz ser a essência.

Logo nos primórdios do gênero, assim, Flaherty já discute indiretamente os limites (ou não limites) dos gêneros, tenta exprimir ao máximo uma verdade (a realidade da comunidade Inuit) e não propõe uma ação política por meio do seu filme.

O cineasta trazendo novidades revolucionárias tem seu nome marcado na história do documentário e também na discussão de sua essência, no entanto, a afirmação institucional do gênero coube a John Grierson, quem , aliás, cunha o termo documentário e lança as bases do que se chama hoje de “documentário clássico”.

Em muito Grierson se inspirou em Flaherty: a pesquisa participativa, a locação, o ator social… Divergia bruscamente da tendência romântica e do neorousseanismo. Isto porque o realizador acreditava que deveria enfocar os documentários num personagem coletivo e em temas sociais mais próximos da realidade vivida – não no exótico, como em Nanook –  também para ajudar a transpor os problemas da época… Aí, então, vê-se que o realizador não apenas preocupa-se com Verdade , mas com uma ação política e social, mesmo que conservadora…Encaixa-se na segunda categoria mencionada no inicio deste ensaio.

Grierson fundou a Escola Inglesa de documentário e trabalhou para o governo Inglês. O realizador é marcado por sua formação liberal e pelo conservadorismo social. Seu cinema tem um direcionamento ideológico e, conseqüentemente, um teor propagandístico. Ele acreditava no poder da educação através do cinema e que através dele as pessoas entenderiam seus lugares dentro do Império Britânico… Defendia, assim, o acesso à educação entre outras coisas – mas de maneira alguma a modificação da sociedade.

John Grierson

Precisa-se  incluir aqui outro cineasta que juntamente a esses dois realizadores de peso forma a “trindade” dos primeiros passos do que se diz documentário. Alguém que é claro, como os outros, preocupa-se na decifração do Mundo e mesmo liga-se a proposta griersoniana quanto ao personagem coletivo, aos temas sociais e a um cinema político-social…Mas, alguém que queria o contrário de Grierson, Dziga Vertov.

Vertov faz parte da geração da Revolução Bolchevique e a crença no comunismo e na revolução proletária liga toda sua obra .O realizador acreditava que para um conteúdo revolucionário era necessário trabalhar uma forma também revolucionária visto que a forma antiga nascera num âmbito burguês, para ele havia apenas um cinema – “o CINE-OLHO”. Usava-se da locação (explorava-se o caos dessa realidade social e visual) e dos atores sociais assim como Flaherty e Grierson. Mas, além disso, destaca-se aqui a veia comunista, a reflexividade, a problematização do material através da montagem (a alma do cinema segundo o cineasta) e a falta de realismo (o qual era buscado pela cinematografia burguesa desde o inicio do cinema com Griffith)… Tudo trabalhava para decifrar-se o mundo, para a revelação do funcionamento da sociedade , porém por uma perspectiva comunista.

“Homem com a Câmera”

Flaherty, Grierson e Vertov assim, configuram os primórdios do documentário e estão invariavelmente presentes de um modo ou de outro nos dias de hoje. A história seguiu e suas teorias e obras se juntam e se separam mas vão formando o que hoje se tem como significado e/ou significados de documentário.

Seja como for, vale lembrar que ainda tiveram movimentos importantíssimos do gênero posteriores a tais grandes autores.

Com o tempo limitações técnicas para filmagem em externas foram transpostas: equipamentos que deixaram captar satisfatoriamente o som fora dos estúdios e também as câmeras mais leves e ágeis. E então, o documentário sofre mais uma reviravolta (ou aglutinação), agora, através dos denominados Cinema Direto e Cinema Verdade.

Os movimentos não trabalham diretamente política e/ou o social tal como Grierson ou Vertov até porque os movimentos aglutinam diversos realizadores e cada um tem uma visão particular do mundo – visão que por vezes pode não se interessar em conservar ou mudar o mundo, talvez apenas decifrá-lo ou olhá-lo o mais atentamente possível. Seja como for, é interessante ver que aí também temos uma desconstrução da ilusão de expressão da Verdade. Agora, ela é explicita pela mudança de postura do Cinema Verdade.

Toda a metamorfose na técnica e no meio intensifica a crença da possibilidade de captar-se, de fato (e mais uma vez) o real fielmente, captar-se a verdade – agora que era possível realmente filmar na rua e ter-se ainda o som direto…

O Cinema Direto,logo, é fruto deste momento – o som direto da externa é de extrema importância: conversas, discussões, simples diálogos, ruídos! O cineasta quer captar a verdade, a realidade e, então, se faz presente nas situações para abocanhá-las, mas não provocá-las – é claro, isso iria contra a ilusão da Verdade…

O Cinema Verdade, também fruto deste momento, inicialmente também se marcou pela ilusão de não intervenção na realidade e, consequentemente, de expressão dessa puramente. Posteriormente, tal ilusão é destruída e assume-se a ética ou o que foi chamado de elogio a reflexividade, já presente em Vertov – entende-se que já que era impossível a não intervenção do realizador dever-se-ia, então, mostrá-la, desnudá-la… Isto somado a crítica à encenação vai em sentido contrário do universo de Grierson( e  mesmo de Flaherty já que o mesmo a usou pensando assim exprimir a essência da comunidade inuit)

Além disso, no cinema verdade acreditando que o realizador, de qualquer maneira, tinha sua marca no filme ele, assim, deveria abraçar o papel de interventor tornando-se ativo (o oposto do cinema Direto). Ele provocava, pois, situações e intervinha intensamente seja por discussões,construções de dinâmicas sociais, etc. O retrato do mundo mistura-se com o planejamento, com a construção que pode beirar a ficcional – cinza, cinza e cinza…

Evidencia-se neste o gênero do documentário tem como essência a ânsia de decifrar o mundo e este fator muito facilmente vezes se liga ideais políticos… Como resultado também dessa essência o documentário acaba historicamente tendo que lidar com a impossibilidade de expressão do “mundo tal como é” – esta questão acaba trazendo muitos frutos pro gênero, que hora ou outra tenta abarcar mais atitudes, meios e técnicas para que a intervenção na verdade retratada seja diminuída ao máximo… E hora aceita a intervenção tornando-a um fator potencialmente criativo. Outro fruto de bom gosto são os documentários (de certa forma) recentes que acabam discutindo exatamente essa posição do gênero abertamente – discutem os limites de ficção e documentário e assumem que o gênero prende-se no universo da tentativa de retrato de uma realidade consciente, paradoxalmente, da sua impotência.

Um exemplo dessa safra que arrebatou o público no Festival Latino Americano de Cinema, da mostra Contemporâneos, foi Jogo de Cena de Eduardo Coutinho.

O filme de Coutinho entra pra história do documentário ao lado de quem mexeu e remexeu com seus conceitos e significados… Ao lado da trindade documental e de movimentos tão produtivos como o Direto e o Verdade, Jogo de Cena se destaca dos filmes recentes (ou mesmo mais antigos) que discutem o gênero e ajuda o Documentário dar novo passo – a discussão dos limites acinzentados e a captação do real que tanto foram presentes no desenvolver dessa história se consolidam aqui em um filme que simplesmente não se tem nada a acrescentar… E isso é difícil.

Vale acrescentar, devido ao talento e a certeza de configurar um marco no documentário contemporâneo, um comentário estendido sobre o filme.

Jogo de Cena discute a contaminação recíproca dos gêneros mencionados brilhantemente. Uma série de mulheres é entrevistada por Coutinho e contam as histórias de suas vidas – a questão familiar, escolar, sexual… As histórias em si, essa grande carga emocional, já são interessantíssimas. Mas, então, atrizes interpretam essas entrevistas – assim temos contato tanto com a versão da atriz, a encenada, como a “verídica”.

Antes da própria confusão entre o que seria interpretação ou não, é interessante observar que Coutinho ainda mostra em tela o processo de “entrar na personagem” e as dificuldades de algumas atrizes – aquelas que a gente já conhece, em especial. Por meio disso, discute-se a atividade do ator e o quanto que ele tenta refletir a pessoa quem interpreta e acaba também refletindo a si. Fica evidente que os atores não se desvencilham de suas essências – tem entrevista em que a mulher “original” conta uma história trágica sem chorar enquanto a atriz, por mais que tente, não consegue interpretá-la deste modo… Quem interpreta, logo, mostra-se também, inevitavelmente – é ficção e documentário de novo abraçando-se.

No entanto, o ápice da obra é a confusão deliciosa sentida pelo espectador. Não se sabe mais, muitas vezes, quem seria a atriz e quem seria a entrevistada “real” – essas palavras nessa discussão são tão perigosas… Nessa confusão, que entra a questão central sobre a tentativa de expressão da realidade – ela mesma não é identificável pelo espectador, ela se confunde com o forjado e o forjado se confunde com outra realidade, a realidade do ator. É uma maravilha…

É…Por enquanto nada a acrescentar, é um filme-ápice de uma visão moderna… Até que novidades se mostrem a novos (ou velhos) realizadores e esses acreditem que poderão, “até que enfim”, mostrar o Mundo…E essa crença cair por terra novamente deixando outros frutos para a trajetória do documentário…

Suzana Altero é graduanda em Imagem e Som pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar)

Filme/ Drama ‘ Cidade de Deus’

Cidade de Deus

  • Ranking: 188º

Direção:

Fernando Meirelles, Kátia Lund
Ano:
2002 
País:
Brasil
Gênero:
Ação, Drama
Duração:
130 min. / cor
Título Original:
Cidade de Deus 
Título em inglês:
City of God 

Elenco:

Alexandre Rodrigues, Leandro Firmino, Phellipe Haagensen, Douglas Silva, Jonathan Haagensen, Matheus Nachtergaele, Seu Jorge, Jefechander Suplino, Alice Braga, Emerson Gomes  
Sinopse:
Baseado no livro homônimo do escritor Paulo Lins, que lançou a obra em 1997, o filme é dividido em três fases distintas (anos 60, 70 e 80), que mostram a evolução do tráfico e as opções que os meninos da favela fizeram até se tornarem os maiores traficantes do Rio de Janeiro ou trabalhadores honestos. 
Por que assistir?
Representou o Brasil no Oscar como indicado a Melhor Filme Estrangeiro e, no ano seguinte, emplacou quatro indicações, inclusive Melhor Diretor e Roteiro Adaptado. No total, ganhou 48 prêmios e teve outras 21 indicações. Catapultou Fernando Meirelles ao mercado internacional. 

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